quarta-feira, 22 de abril de 2009

Matéria Gazeta Mercantil

25 de Março de 2009 - Vejam que história incrível. Numa noite destas, bem recente, no intervalo de um espetáculo teatral, dois rapazes vêm se apresentar a mim. Um deles representa no Brasil a ONG internacional Make a Wish, que realiza desejos de crianças terminais. No Brasil, isso está começando. Mas na vizinha Argentina, já conseguem realizar cerca de 300 desejos de crianças por ano. Bem, trocamos cartões.
Esta semana, recebo o primeiro e-mail da organização, de uma das coordenadoras, aflita para conseguir realizar o desejo de uma garota de 16 anos, que tem uma doença rara, chamada Síndrome de Leigh, degenerativa e sem cura. Até os cinco anos era uma menina normal. Hoje tem movimentos muito limitados, não anda, não fala, mas o cérebro está intacto. Seu maior divertimento é assistir ao Big Brother 24 horas por dia. Só dorme quando o último deles dorme. Sabe tudo sobre o que acontece. Afinal, virou a vida dela também. Seu sonho, claro, era conhecer os brothers ou visitar a casa. Façanha praticamente impossível de se atender, conhecendo o quanto a TV Globo cerca o programa de cuidados e segurança. A aflição da coordenadora era, além da dificuldade, o fim iminente desta edição do reality show.
Não posso fazer praticamente nada em se tratando de TV Globo. Mas, por via das dúvidas, encaminhei o e-mail a uma amiga jornalista, prima do Boninho, diretor do BBB. Ela lhe encaminhou a mensagem. Boninho respondeu em seguida que tinha se emocionado com a história, que iria atender ao pedido, e que a jovem estaria na final do BBB.
Uau! Fiquei até arrepiado. Foi rápido demais. Com quatro mensagens, em questão de minutos, estava resolvido um sonho, praticamente inatingível. Alguém sem perspectivas vai ter momentos de um prazer inesquecível, pelo tempo que lhe resta. Esta alegria da menina fará bem também a seus familiares. Fico imaginando seu sofrimento assistindo ao aumento das limitações da garota, sem nenhuma perspectiva, sem poder fazer mais do que lhe dar o conforto possível e carinho.
Ganhei o dia, pela satisfação de ter podido ajudar. Mas também o perdi, pela tristeza de pensar no sofrimento que uma doença destas pode levar a uma pessoa e sua família. Mais uma das incontáveis mazelas da vida, inexplicáveis, injustas. Só com muita fé para não se revoltar. Mesmo assim, sorry, mas as explicações possíveis da fé não são totalmente convincentes. Servem para acalmar o coração.
Isso me lembrou uma frase de Clodovil, que por coincidência ouvi em um programa homenagem que a apresentadora Luciana Gimenez prestou ao estilista/deputado na segunda-feira à noite, na RedeTV!. Disse ele: "A vida é uma grande atriz para me acompanhar. Porque não há roteiro. É tudo improvisado".
(Gazeta Mercantil/Caderno D - Pág. 8)

Nenhum comentário: