quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Matéria Diário do Comércio






3º Setor


As fadas existem, realizam desejos e moram no Brasil
Geriane Oliveira - 25/8/2009 - 19h27

Julia Dias dos Anjos tem seis anos e um grande sonho: ganhar uma boneca chamada Baby Alive, da Hasbro. Ela também sofre de astrocitoma, um tipo de câncer no cérebro do qual trata há mais de quatro anos e que já lhe tirou a visão de um olho. Enquanto os médicos brigam para que ela fique bem e torcem pelo dia em que ela vencerá a doença, um grupo de voluntários da fundação sem fins lucrativos Make-A-Wish Brasil, realizou o desejo de Júlia: no último dia 12, depois de uma tarde de sonhos com direito a manicure, roupa nova e cinema, ela recebeu das mãos dos voluntários – ou embaixadores, como também são chamados – a tão sonhada boneca.

Isso mostra que é possível sonhar e que muitas pessoas de boa vontade se dedicam a realizar sonhos. Essa é justamente a missão da Make-A-Wish Brasil, que na tradução literal significa "faça um desejo". A fundação sem fins lucrativos é uma afiliada da Make-A-Wish Foundation Internacional, dos Estados Unidos.

Desde que iniciou suas atividades no País, em outubro de 2008, a Make-A-Wish Brasil (MAWB) já realizou os sonhos de 17 crianças e têm muitos em andamento. O de Julia, foi secretamente encaminhado aos voluntários pelo Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, o GRAACC, onde a pequena faz tratamento desde os dois anos de idade.

Depois da entrevista com um dos embaixadores da fundação, foram três meses de preparação até a concretização do desejo. "A entrevista nos ajuda a entender melhor a vida da pessoa, o seu sonho em detalhes e até sobre seu estado de saúde porque em alguns casos, precisamos da autorização dos pais e do médico para realizar o desejo", explicou a diretora de desejos da Make-A-Wish Brasil, Roberta Garcia, 33 anos.

Como em um sonho – A mãe, Márcia Cristina Dias, 31 anos, contou que naquela quarta-feira, dia 12 de agosto, Julia acordou cedo. "Ela estava muito ansiosa desde o dia anterior. Essa boneca, que parece um bebê de verdade, é realmente um sonho para ela."

Foi uma programação de magias que teve início no começo da tarde, quando o time da ONG dos desejos, como também é conhecida, foi buscá-la de van em casa, na Vila Caraguatá, na Zona Sul de São Paulo. A primeira parada foi em um salão de beleza onde Julia teve as unhas pintadas, escovou o cabelo e foi maquiada. Em seguida, a menina ganhou vestido e calçados novos, que ela mesma escolheu, para depois seguir ao Shopping Market Place, junto com a mãe e uma prima, e assistir ao filme A Era do Gelo 3.

Na saída do cinema, ao ver Julia, o time uniformizado da Make-A-Wish Brasil gritou: "Surpresa! A gente tem uma surpresa para você!" E Julia finalmente recebeu a boneca bebezão das mãos de Roberta. "Gostei!", disse a menina, toda sorridente, após abrir o embrulho de papel cor-de-rosa. Os voluntários foram entregando mais presentes: são os acessórios do kit Baby Alive: asas de fada, varinha e fralda. E Julia gargalha. "Adorei", disse várias vezes. "Meu coração transborda de alegria", afirmou a mãe, a caminho de uma lanchonete com a filha e todo o grupo da MAWB. "Hoje ela está muito feliz e extrovertida. Foi maravilhoso", disse Márcia.

Segundo a diretora-executiva da Make-A-Wish Brasil, Leda Máriam Naked Tannus, 52 anos, a proposta da fundação é levar um pouco de esperança e alegria para essas crianças. "A ideia do movimento, que hoje é uma marca globalizada, é levar um pouco de esperança, força e alegria para elas e seus familiares. Não temos uma fórmula nem varinha de condão, mas gente com disposição e amor que se dedica a realizar sonhos", afirmou.


De acordo com Leda, o grupo, que conta com funcionários e também voluntários, tem 30 sonhos em andamento e a meta é atender 70 crianças até o final deste ano. "Não há critérios de escolha. À medida que os pedidos vão chegando, vamos planejando a sua viabilidade junto aos nossos parceiros. Afinal, não existe desejo impossível", afirmou Leda.

Além dos parceiros, a Make-A-Wish Brasil trabalha com a formação de um fundo proveniente de doações e verbas de eventos. "Nossa contribuição é uma fração pequena, mas que transforma um dia da vida das crianças em um momento inesquecível. Acreditamos que a felicidade faz bem."

Tudo começou com um desejo nos Estados Unidos
A Make-A-Wish, que na tradução literal quer dizer: faça um desejo, foi oficialmente criada em 1993, nos Estados Unidos, mas sua história começou em 1980, após a realização do desejo de um garotinho de sete anos, Chris Greicius, que queria ser policial. Ele também sofria de leucemia e portanto, as chances de se tornar um policial eram pequenas. Mas, como para as mães nada é impossível, a do Chris, Linda, juntamente com amigos e um grupo de oficiais do Departamento de Segurança Pública do Arizona, tornaram o sonho dele realidade, ainda que por um dia. Uniforme, capacete, crachá e até uma volta de helicóptero tornaram a experiência inesquecível.
A concretização do sonho do Chris deu origem a Make-A-Wish Foundation International, uma organização não governamental (ONG) oficializada como instituição em 1993. Atualmente, a fundação está presente em 33 países ao redor do mundo com cerca de 30 mil voluntários trabalhando para transformar os sonhos de crianças gravemente doentes, em realidade.

No Brasil, a fundação iniciou seus trabalhos em outubro do ano passado, pelas mãos de Leda Máriam Naked Tannus, diretora executiva. Os critérios para participar do desejo aqui no Brasil são os mesmos do resto do mundo: ter entre 3 e 18 anos e uma doença que ponha a vida em risco.


Para saber mais, consulte o site http://www.makeawish.org.br/ - O telefone é (11) 5081 3601.




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